quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

A Abetarda... a ave tímida

A abetarda é sem dúvida alguma um dos maiores ex-libris da nossa região, e por isso já estava mais que na hora de lhe prestar uma justa homenagem. Esta ave, de porte pesado, mas elegante, atrai anualmente muitos visitantes e estudiosos, sedentos de a ver, sem serem vistos, pois esta é uma das aves mais tímidas do mundo. À mínima percepção da presença de estranhos, toma balanço e levanta num curto voo. Qualquer São Marquense que se preze já teve o privilégio de a ver e conhecer as suas características. No entanto, há curiosidades acerca desta que é importante referir, pois para preservar e gostar é importante conhecer bem. São aves de médio e grande porte, de pernas altas e cauda curta.A plumagem varia consoante a espécie, mas os castanhos, cinzentos, pretos, brancos e combinados são as cores dominantes (aliás, visíveis nas fotos em anexo). Os machos são diferentes das fêmeas. São maiores e mais pesados. São aves omnívoras, que se alimentam de grãos, folhas, frutos, talos, diversas espécies de plantas, grandes insectos e outros invertebrados, bem como de pequenos vertebrados como lagartixas e ratos do campo. Distribuem-se entre o Norte de Africa, Europa e Ásia, mas é a Península Ibérica que possui a maior população europeia. Em Portugal é muito comum desde o Sudeste da Beira Baixa, até ao Algarve, com especial relevância no Campo Branco (essencialmente na zona circundante à nossa aldeia, São Marcos da Atabueira), onde se encontram reunidas as condições ideais do seu habitat, planícies sem arvores, onde se pratica uma cerealicultura tradicional, de searas pouco densas. Apesar de no nosso Alentejo termos uma população relativamente estável, a abetarda é uma espécie ameaçada e muito vulnerável, estando englobada em termos europeus na categoria SPEC1 (Species of European Conservation Concern – Espécie que suscita preocupações de conservação a nível europeu). Assim, nunca será demais referir que cada vez mais temos uma maior responsabilidade na conservação de um mundo que é nosso, um mundo onde vivem espécies ameaçadas e que não se sabem defender daqueles que se tornaram os seus maiores inimigos, os Homens…Cuidem delas, cuidem do nosso património, do nosso mundo, para que as gerações vindouras possam apreciar momentos de beleza que só a natureza nos proporciona. Abril é o mês ideal para apreciar alguns destes pequenos momentos, que se podem tornar eternos, pois é um dos meses (mais especificamente de Março a Maio) em que as abetardas estão a acasalar, e realizam os seus rituais elaborados e marcados por grande beleza. Os machos juntam-se em arenas de parada, onde executam danças nupciais colectivas sensacionais para atrair as fêmeas. No clímax da parada, os machos tornam-se uma bola branca ondulante de penas reviradas. A fêmea escolhe o macho, aproxima-se dele, acasalam e afastam-se. O papel do macho termina aqui. As abetardas põem entre 2 a 4 ovos, que são depositados no ninho, em erva alta. Os primeiros jovens (abetardotos) começam a avistar-se no início de Maio. Avistar um bando de abetardas pode tornar-se o motivo ideal pra dar um passeio num dia solarengo lá pras bandas da Ribeira da Chada, onde normalmente se avistam algumas. Já sabem, os cuidados devem ser muito, por elas e por todos os outros seres vivos que lá habitam e que fazem também daquele espaço um local protegido pela Liga de Protecção da Natureza, que muito tem contribuído para a preservação da paisagem. P.S. Queremos agradecer a Francis Drake que nos enviou a ideia de fazer um post sobre este verdadeiro ex-libris da região, e nos enviou igualmente as fotos, tiradas a 2 de Janeiro de 2008, junto ao Monte dos Touris, onde avistou cerca de 64. Queremos também aconselhar uma visita a http://abetarda.no.sapo.pt/ onde retiramos muita desta informação e onde podes ler muita mais. Obrigada Francis Drake… continua a colaborar connosco, pirateando pelas paisagens deste nosso Alentejo, que foi, é e continua a ser uma paixão!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Janeirinha Janeiró, venha o Prato da Filhó…

… esta é uma das muitas lengalengas que é usual utilizar no cante das Janeiras, tradição que na nossa terra há muito que só vinha a ser mantida pelas crianças, que mais por gulodice do que por tradição percorriam as ruas da aldeia em busca de uns rebuçados ou de uns escudos a mais no mealheiro com as frases em rima que os pais ou os avós lhes ensinavam. Até havia algumas bem engraçadas, que jogavam com o nome das pessoas… Lembram-se??? Puxem por essa memória e digam-nos… Nos dias que correm já não vemos só os miúdos como também somos presenteados com os cânticos das “nossas” Atabuas que percorrem as ruas da Nossa Aldeia, não só entoando as Janeiras como também Cantes ao Menino Jesus e Cantes aos Reis Magos. Queremos saudar em força o regresso de uma tradição que um pouco por todo o país vem sendo valorizada com as constantes chamadas de atenção na comunicação social. Nós como ainda não aparecemos na televisão, queremos agradecer através deste meio às Atabuas e a todos aqueles que contribuem para manter vivas estas tradições que marcam a peculiaridade da nossa terra. esta é mais uma que O Poço, O Velho e A Moça gostam e aplaudem...